Como a escola pode aproveitar as novas tecnologias?

Especialistas defendem modelo de ensino tecnológico 

De Educar para Crescer
Texto: Iana Chan
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"A escola já mudou para acompanhar a transformação tecnológica?", provocou Jim Lengel
Redes sociais, tablets, lousas digitais, conteúdo interativo e 70% dos jovens brasileiros entre 15 e 19 anos mergulhados na internet. As possibilidades da tecnologia reforçam a ideia de que o modelo de Educação praticado hoje está defasado. As escolas que existem não são as escolas de que precisamos. O congresso Inova Educa 3.0 trouxe especialistas a São Paulo para discutir como as escolas podem se preparar para a realidade digital. 

Não existe um caminho pronto para a introdução da tecnologia nas salas de aula. O professor da Universidade de Nova York Jim Lengel afirmou que é preciso reinventar a Educação e deu indicações de como seria esse novo modelo. Para ele, as escolas historicamente sempre formaram o cidadão necessário àquela sociedade e acompanharam as mudanças do mercado de trabalho.
Educação e mercado de trabalho
A Revolução Industrial do século 19 transformou o trabalho: grandes grupos trabalhando individualmente, num ambiente fechado, sem conversar entre si, fazendo um conjunto restrito de tarefas, atrás das mesas, com uma supervisão próxima. Leia novamente esta descrição. Soa familiar? Exatamente: as escolas se adaptaram à esse modelo, pois assim foi exigido pela nova sociedade. Era a sociedade 2.0 que, formada a partir da Revolução Industrial, substituiu a sociedade rural cujas escolas preparavam artesãos e lavradores para um ambiente econômico e social estável. 



E hoje? "O mercado de trabalho não pergunta mais "o que você sabe?", mas "o que você pode realizar?", apontou John Moravec, especialista em inovações educacionais da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. Por videoconferência, ele comentou a necessidade desta transformação: "industrializamos o sistema educativo, criando cérebros empacotados".

Jim Lengel descreveu a dinâmica nas novas empresas: pequenos grupos se reúnem para a solução de problemas inéditos, utilizando diferentes disciplinas, coletando informação de diversas fontes e em diferentes formatos, utilizando ferramentas digitais sem supervisão constante e conectados com o mundo. "A escola já mudou para acompanhar essa transformação?", provocou.

Reinvenção da escola
Não é apenas o mercado que pede mudanças. 40% dos jovens entre 15 e 17 anos que deixaram de estudar o fizeram por considerar a escola desinteressante. O estudo "Motivos da Evasão Escolar", realizado pela FGV - RJ EM 2009, mostrou também que a necessidade de trabalhar é o segundo motivo pelo qual jovens deixam de estudar. O triste paradoxo é que continuar estudando garante salários melhores. O PNAD de 2007 calculou que a conclusão do Ensino Médio aumenta o salário em 34,39%. "A sala de aula, por sua inércia, pertence muito mais ao mundo da depressão do que o da diversão. Não conseguimos mais produzir encantamento, curiosidade, surpresa", instiga Luciano Meira, pedagogo e professor da UFPE.

O uso da tecnologia pode ajudar a modernizar o ensino, mas a maioria das escolas ainda não encontrou seu caminho. "Ainda estamos presos na Educação 2.0", lamentou Lengel. Ele descreveu como seria a escola 3.0, que aproveita inclui a tecnologia para melhorar o ensino e aprendizagem:

Para ler, clique nos itens abaixo:
Como chegar lá?
Depois desta descrição ideal de uma Educação moderna e tecnológica, é impossível não se perguntar como é possível implementar esse modelo de educação. As dificuldades para a implementação deste modelo são muitas. Adriana Martinelli, coordenadora de Educação do Instituto Ayrton Senna, listou 3 pilares necessários. Além da construção de um plano pedagógico e da infraestrutura tecnológica, é preciso que haja uma gestão deste processo. "Apenas quando políticos, gestores, professores, alunos e pais trabalham juntos é possível incluir a tecnologia de maneira eficiente", defendeu.

Para Lengel, o caminho para essa transição envolve o papel do professor. "O professor é central, mas não pode promover a mudança sozinho", concordou. No novo modelo de Educação, o professor deixa de ser um transmissor e passa a mediar o conteúdo, para que os alunos possam pensar sobre ele. Mas a especialista em tecnologia educacional Vani Kenski, da USP, alerta para o erro comum de cobrar inovação apenas dos professores. "Não há como pensar inovação no Brasil com essas estruturas e funcionamentos arcaicos", criticou. Para ela, planejamento é fundamental. "Inovação não se faz com improviso ou compra de tecnologia. É uma mudança estrutural que precisa de investimento", completou.

Mais informações sobre o conceito de Educação 3.0 podem ser encontradas nosite do professor Jim Lengel.
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